Compaixão

Compaixão é sentir em si os sofrimentos dos outros, como se nossos fossem. A compaixão é uma ressonância espontânea com tudo quanto sente e vive, que nos mobiliza para aliviar a dor de quem sofre. A compaixão não é uma mera empatia que nos deixa esmagados pela dor alheia, mas um dinamismo que não se resigna e tudo faz para pacificar e libertar aqueles que sofrem. A compaixão é a resposta ativa às dores de todos os seres, sejam físicas ou psicológicas.

Na mais profunda compaixão, como no mais profundo amor, desaparece a aparente separação entre eu e outro: diluem-se as fronteiras da mente e da pele e uma vida mais plena e ampla pulsa em nós e em tudo quanto existe. O amor e a compaixão são iniciações do coração ao mistério da Vida.

O amor e a compaixão podem começar por nós, caso necessitemos disso, mas a sua ampliação liberta-nos da tortura do autocentramento obsessivo nos nossos problemas e sofrimentos pessoais. Com amor e compaixão o coração abre-se aos outros e isso relativiza as nossas dores, trazendo-nos força, confiança, coragem e um sentimento íntimo de autorrealização. O amor e a compaixão tornam-nos mais vastos, potencialmente ilimitados como o universo.

Paradoxalmente ou não, não só o amor, mas também a compaixão nos conduz à alegria. A alegria de descobrir que a dor, o sofrimento, a violência e a negatividade não têm a última palavra e que possuímos o imenso poder de os reduzir e abolir. A alegria de vibrarmos em uníssono com o mundo, nas suas luzes e nas suas sombras, na sua totalidade.

A alegria de vermos que é possível superar todos os limites, sentindo amor e compaixão mesmo por quem nos faz sofrer e aos outros, pois colocar-nos no seu lugar faz-nos sentir o seu sofrimento e limitações atuais, mas também o seu potencial de evoluir para além disso.

Autor: Paulo Borges. Copyrights iLIDH 2015-